5 motivos para nunca mais descer ladeira com o carro na “banguela”

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Ainda bastante comum no Brasil, prática é proibida por lei e reduz vida útil de componentes. Pior: não poupa combustível

Você está viajando de carro. De repente surge na estrada aquele longo trecho em declive, e logo vem à cabeça: por que não colocar o veículo em “ponto morto” e aproveitar o embalo da descida para economizar um pouco de combustível?

Foto reprodução

Pois saiba que há mais de uma razão para você eliminar essa prática de sua rotina imediatamente.

“Nossa orientação é que não se utilize o ponto morto em nenhum momento que o veículo estiver em movimento. O mais eficiente e seguro é o carro estar sempre engrenado”, enfatiza Gerson Burin, coordenador técnico do Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária). Entenda abaixo por quê.

1) É proibido por lei

O artigo 231, inciso IX, do CTB (Código de Trânsito Brasileiro), classifica o ato de “[rodar] desligado ou desengrenado em declive” como infração média, com perda de quatro pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e multa de R$ 130,16, além de possível retenção do veículo.

2) Não economiza combustível

Na era dos carros carburados fazia sentido aproveitar o embalo das descidas para usar o “ponto morto”. Afinal, o motor nunca parava de receber combustível e o fluxo com a embreagem desacoplada era um pouco menor.

Só que a injeção eletrônica inverteu essa lógica. Nos modelos dotados de tal tecnologia o sistema é capaz de monitorar constantemente o comportamento do motor a fim de otimizar o consumo. Assim, mesmo que o propulsor esteja embreado, o índice de injeção de combustível será zero se o acelerador não estiver acionado.

Por outro lado, quando o carro desce em neutro os giros ficam lá embaixo e a central eletrônica entende que é preciso injetar determinada quantidade de combustível para que o motor não “morra”. Ou seja: nos tempos atuais a “banguela” faz você gastar mais combustível ao invés de economizar.

3) Freio-motor é mais seguro

O carro engrenado faz com que a própria relação entre os giros do virabrequim e das rodas (a popular “relação de marchas”), controle a velocidade do veículo. É o chamado “freio-motor”. Ele pode ser um grande aliado para se manter dentro dos limites de velocidade exigidos, além de ajudar a evitar acidentes.

É claro que o motorista, caso utilize um automóvel com câmbio manual, precisará monitorar a marcha mais adequada à velocidade pretendida. “Se os giros do motor estiverem muito altos, é preciso avançar uma marcha. Caso estejam baixos demais, vale reduzir”, explica Burin.

Lembrando: escolher uma marcha incompatível com a velocidade do automóvel naquele momento — como, por exemplo, engatar a primeira a 80 km/h ou a quinta a 15 km/h — pode causar danos sérios ao propulsor e ao sistema de transmissão.

4) Desgasta mais os freios

O uso do freio-motor gera outro benefício: menor desgaste dos freios, que acabam sendo menos exigidos. “Dependendo do tipo de descida, é possível fazê-la inteiramente com o freio-motor, sem encostar pedal”, diz o coordenador técnico do Cesvi.

Ao optar pela “banguela” as rodas ficarão livres e o embalo precisará ser totalmente controlado pelos freios, que ficarão sobrecarregados e tenderão a apresentar sobreaquecimento ou, em casos extremos, até a parar de funcionar.

Já reparou na presença de várias calotas de roda repousando em áreas de descida de serra? São consequência direta do superaquecimento dos discos e tambores. As temperaturas elevadas acabam amolecendo o plástico e levando a peça se desprender da roda. Descer com o veículo engrenado ajuda a evitar esse fenômeno.

5) E os carros automáticos?

É claro que o funcionamento de um automóvel com câmbio automatizado, automático com conversor de torque ou CVT (continuamente variável) será diferente de um manual. Muitos modelos sem pedal de embreagem sequer oferecem opção de regulagem manual das marchas.

“Esse tipo de veículo conta com freios mais bem dimensionados, justamente prevendo que o sistema será mais exigido”, comenta Burin. Ainda assim é recomendável que se rode em declive sempre com o veículo em “D” (engrenado), nunca em “N” (neutro).

Se o modelo oferecer opções de marcha reduzida, como “L”, “S” ou numeração “1, 2 e 3”, selecioná-las ajudará a controlar a velocidade sem depender tanto dos freios. Já aqueles que dispõem de trocas sequenciais, seja por borboletas ou na própria alavanca, podem ser conduzidos seguindo lógica similar àquele de um carro manual.

Fonte: UolCarros

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