Está pensando em comprar um carro usado? A economia em baixa nos faz dosar gastos aqui e ali e pensar ao máximo no melhor custo-benefício, para não sair perdendo dinheiro à toa.Qual a razão para comprar um hatch compacto “pelado” que irá depreciar rapidamente, se você pode pegar até um SUV completo pelo mesmo preço e com valor estabilizado no mercado? Segundo a Fenabrave, foram vendidos 1.401.880 seminovos no 1º bimestre, ante 278.636 carros novos. Logo, nota-se que o “cheirinho de novo” já não conquista tantas pessoas tanto quanto antes de 2015, ano que houve a queda generalizada no mercado automotivo e o rápido crescimento no segmento dos usados.
Entretanto, o que surge como uma ideia sensata e racional, pode se tornar um poço de manutenção e, adivinhe só: depreciação. Com isso em mente, confira cinco dicas do empresário do setor de automóveis, Leonardo Macedo Menezes, para você se atentar de que “nem tudo que reluz é ouro” e, assim, “não acabar levando gato por lebre”, na hora de comprar um carro usado .
1- Coerência geral do carro
A primeira preocupação de um vendedor “espertalhão” que não vê a hora de se livrar de sua “tranqueira” é a de faturar uma “bolada”, ao fazer você pensar que está fazendo um baita negócio. Como ele consegue isso? Deixando o estado geral do carro “bom demais para ser verdade”. No caso, você deve interpretar isso como “incoerente”, uma vez que, por exemplo, não é possível um carro de 10.000, 20.000 km apresentar desgastes nos acabamentos volante, pedais, banco do motorista e nos pneus, além de ruídos e odores suspeitos; bem como um carro não batido que tem diferentes tonalidades entre as peças, desalinhamento no capô, para-choques, portas e dobradiças; ou até mesmo este carro de 10.000 km custar o mesmo que outros com 40.000, 50.000, 100.000 km rodados.
Vendedores de má fé voltam a quilometragem no painel, limpam o motor para esconder vazamentos, fazem consertos provisórios que sempre deixam rastros (muitas vezes sutis, logo analise o carro com os sentidos aguçados) e, até mesmo, vendem o carro abaixo do preço para mexer com o psicológico do comprador. A dica é simples: veja se o que você está vendo faz sentido e, se ainda não tiver chegado a uma conclusão sobre o carro que está vendo de comprar, procure um laudo cautelar, que investiga o carro por completo para você. Sem essas dicas, o barato pode sair caro.
2- Origem e histórico
Por mais coerente que o carro seja aos olhos, a única garantia certa de que o carro é aquilo que parece ser, além do laudo cautelar, é o seu livreto, chamado por alguns de “documento de identidade” do carro. Ele não só é uma forma de garantia quanto ao histórico de manutenção, mas entrega o vendedor que voltar a quilometragem no odômetro. Por isso, desconfie se o carro não tiver o seu e, se for o caso, exija a sua segunda via.
Além disso, procure saber se ele vem de cidades litorâneas – onde a maresia acelera o processo de ferrugem – ou de lugares de difícil circulação e acesso, por conta das más condições das vias, falta de pavimentação e outros fatores que se relacionam com o desgaste acelerado de batentes de suspensão, buchas da caixa de direção, amortecedores, bieletas e outras peças que você precisará trocar antes do esperado. Já que um vendedor “esperto” jamais diria que o carro foi sim de lugares como esses, verifique se há sinais de ferrugem em lugares mais escondidos, como nas dobradiças e em frestas, bem como terra, grama e areia atrás dos para-choques e em aberturas em baixo do carro.
3- Baixa procura do modelo no mercado
Um tópico que fala sobre o vendedor te empurrar um modelo que, você não sabe, mas está encalhado em sua garagem porque ninguém quer. Esse carro tem nomes: é o famoso “mico”, “bucha” ou “casamento”. Seja por dificuldade de achar peças, alto custo de manutenção, preços altos do seguro (ou até indisponibilidade de fazer seguro), por ser um carro blindado (que ninguém quer neste modelo), ou até mesmo pela cor. Tem também carro que se você só deve comprar se quiser forçar um divórcio…
Piadas à parte, se você se interessou por um carro diferente em sua concepção – algo que o vendedor “pilantra” pode usar como argumento para sugerir que o carro é superior a outros – estude um pouco sobre o modelo e escute o que os donos têm a dizer, antes de mandar uma “canelada” na oferta, pois é capaz do vendedor querer fechar negócio para não ver o carro nunca mais. Exemplos desse tipo de carro são os que têm cores muito chamativas, ou um esportivo blindado, que podem ser bem elogiados pelo vendedor, mas são “micos” no mercado.
4- Golpe
Segundo o especialista entrevistado, que já conta com mais de 25 anos de experiência no mercado automotivo, ele já vivenciou diversos casos de lojas que venderam carros consignados e sumiram tanto com com o dinheiro, quanto com o carro. Diante disso, se pretende comprar um carro, seja ele consignado, de loja ou não, você deve pagar só quando tiver o carro e o documento de transferência com firma reconhecida em mãos.
Outro exemplo que pode acontecer é de comprar algum carro de locadora que vende o veículo ainda alienado. Existem chances disso ocorrer porque elas compram lotes das fabricantes por um valor abaixo da tabela e financiado, em algumas vezes. Portanto, é preciso dar uma olhada no Gravame (desalienação), que consta no sistema do Detran (Departamento Estadual de Trânsito). Para dar baixa, apenas com a quitação do financiamento. E desconfiar de preços muito camaradas e apenas transfira qualquer quantia em dineheiro se tiver garantia de que o documento do carro for transferido para o seu nome.
5- Pendências
Mesmo que o vendedor não fale nada sobre dívidas pendentes, vale realizar o laudo cautelar, que realiza uma varredura em diversos órgãos e instituições. Vai saber se o carro usado que você está interessado é de leilão, parte de uma quitação, penhora judicial ou até se está com venda impedida por ser de inventário, só para citar alguns exemplos…
Seguindo essas dicas e tomando os devidos cuidados, comprar um seminovo pode ser um ótimo negócio, ainda mais levando em conta os preços da grande maioria dos modelos novos que estão hoje em dia disponíveis no mercado brasileiro.
Fonte: iG