O militar Daniel Gonçalves Tomazelli diz ter gastado em torno de R$ 78 mil para turbinar sua picape Montana, colocando detalhes que vão desde escapamento cromado a um telão dentro do porta-malas simplesmente para jogar videogame. A prática é conhecida como “tuning” e, além de dinheiro, exige tempo para que os donos deixem seus carros impecáveis. Muitas vezes são obrigados a fazer sacrifícios.
“Já deixei de viajar no Carnaval só esperando ela ficar pronta. Quando estava modificando, era minha prioridade”, disse Tomazelli ao G1. Ele conta que é apaixonado por carros e desde criança queria ter um carro modificado. “Desde uns dez anos que eu sonho com isso”, relata.
Quando comprou e começou a mexer na Montana em 2008, a família foi contra. “Depois eles perceberam que não ia ter jeito de me desanimar”, fala o militar.
“Logo que comprei já mudei a cor. Depois personalizei internamente. Os bancos, volante, pedal, som, tapete, manopla, entre outras coisas. Depois instalei a suspensão a ar, troquei as rodas para um modelo mais esportivo, modifiquei as portas para lambo door – tipo asa de gaivota –, instalei um vídeo game, telão na tampa traseira e turbo”, explicou.
O problema de gastar com peças novas, segundo ele, é que todas as mudanças exigem uma regularização e cada regularização exige uma ida ao Departamento de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS).
“Nós encontramos muitos empecilhos. Mudança de cor, suspensão, turbo. Tudo tem que ser legalizado. Alguns diziam que o gasto não compensava, mas quem gosta sempre me deu força”, diz Tomazelli.
Para coroar a força de vontade de quem pratica o tuning e dispende de anos e anos de investimentos no carro, há competições que premiam o veículo mais turbinado. Tomazzelli já venceu dois, ainda que não faça as mudanças para isso. “Tunei por hobbie, não pensava em participar de competições. Gosto mesmo é de dar umas voltas nos finais de semana”, explicou.
A Montana fica guardada em uma garagem de revenda de carros. O militar diz que não abre mão de seu “xodó”. “Aqui eles cuidam muito bem dela, muito melhor do que ficaria lá em casa”, afirma.
Mantendo as características
Outro tipo de hobbie envolvendo carros e modificações é o “Custom”. O também militar Clédison Júnior Pereira Lima, 37 anos, é adepto desse tipo de prática. “Há uma diferença do tuning e do custom. Quando a pessoa tuna um carro, ela modifica a estética do veículo, altera mais por beleza. Já a customização é quando a pessoa melhora o carro com peças originais, com modelos mais fortes, para melhorar o desempenho do veículo”, explica.
Ele sempre gostou de mexer em carros. “Para deixá-los diferentes dos demais”, disse. Lima comprou a caminhonete em 2004, mas começou a investir nela em 2009. “Deixei ela parada cerca de dois anos. Em 2011 ela ficou pronta, do jeito que eu queria”, afirmou.
Sem contar com o valor do veículo, em torno dos R$ 25 mil, o militar diz ter gastado cerca de R$ 55 mil com peças e acessórios para a Ranger. “Para mim compensou. Fiz para agradar, não para o comércio. Já recebi algumas propostas, mas não pensei em vender na época. Quando você quer vender, ninguém quer comprar. Ai quando você não quer, aparecem várias propostas”, brinca.
Diferentemente de Tomazzelli, o hobby de Lima parece não agradar a todos de sua família. Ele conta que teve que fazer um acordo com sua mulher para evitar conflitos. “Prometi que não iria mais comprar carro nenhum para modificar”, disse. Ele conta que muitas vezes passou o mês sem dinheiro por conta dos investimentos no “custom”. “Gastei o dinheiro no primeiro dia e passei os outros 29 sem nada”, afirmou.
Essas dificuldades não impedem e nunca vão fazer com que o militar perca o que ele chama de mania. “É um vírus, que infecta a gente e não tem como fugir mais”, brincou.
Lima já teve outras sete Ranges, dois Opalas, três Caravans, um Gol, três Voyages, um 147, um fusca, uma Mercedes 280S e “carrinhos normais” como Corolla, Strada Adventure e um Punto.
Fonte: G1