Tudo começou após uma queda de moto que deixou sequelas no corpo de Wylame: pinos, parafusos e uma incurável abstinência de adrenalina. Foi então que uma visita a um amigo levou o microempresário de Sobradinho (DF) ao encontro do carro de sua vida: um nada original Gol GL, de 1994.
“Pode ser seu”, disse o amigo. Na época, o carro já tinha um kit turbo, que fez bater mais forte o coração de Wylame. O rolo envolveu um insosso Passat 1980 e mais R$ 7 mil. Só que as cifras foram se multiplicando nos meses seguintes.
“Rapaz, no começo ele quebrava demais. Uns amigos até diziam que eu tinha que ir me benzer. Gastei uns R$ 85 mil até trocar de mecânico. Aí refiz o carro todo, com peças mais caras, e gastei mais uns R$ 85 mil”, diz Wylame.
Pra quem ficou com preguiça de fazer as contas, isso aí dá R$ 170 mil investidos em um Gol quadrado. Ele não imaginava que ia gastar tudo isto quando comprou, mas será que se arrepende?
“Pela minha adrenalina hoje de andar nele, vale a pena. Mas se fosse montar outro não faria novamente. Compraria um carro pronto já”, afirmou.
“Já recebi um monte de proposta, mas não vou vender não. Vou deixar pro meu filho.”
O gosto por carros (e cavalos) começou ainda na adolescência, e o primeiro foi um Chevrolet Corsa 2002. “Ninguém tinha suspensão a ar aqui em sobradinho. Só dava era eu”, lembra Wylame.
O encontro com o Gol quadrado ocorreu só em 2012. Mas o começo da relação foi pura dor de cabeça. O carro ficava mais na oficina do que na rua. Depois que trocou de mecânico, ele descobriu que o motor “mil e nove” era na verdade um 1.8 “encamisado”.
Então foi tudo refeito: o motor se transformou num 2.0 com algumas peças forjadas, outras importadas, sobrealimentado com um turbo de 2.5 kg, que deixou o carro com cerca de 650 cv, atingidos no dinamômetro antes de arrebentar o câmbio de 5 marchas do GTI na última vez que ele tentou medir a potência.
“Agora falta pouca coisa pra terminar”, diz o dono, que no dia a dia comanda um lava-rápido em Sobradinho. O Gol sai da garagem mais nos fins de semana, quando vai passear com a família, ou então em encontros com outros fãs de automóveis, provas de arrancada e “track days”.
O filho Cauã, de 8 anos, dá indícios de seguir a mesma onda do pai. “Ele se amarra, fala pra eu acelerar”, conta Wylame. Já a mulher acha melhor gastar muito em um carro do que ter que visitar Wylame no hospital a cada queda de motocicleta.
Fonte: Peter Fussy/G1