Ao longo dos anos a Volkswagen lançou versões épicas do lendário Gol, que tal conhecermos aquelas que são consideradas como as 5 versões mais brutais do Gol em todos os tempos?
Gol GT
A primeira versão esportiva do Gol nasceu em 1984, mesmo ano em que o modelo ganhou seus primeiros motores arrefecidos a água. Enquanto as versões S e LS eram equipadas com o motor MD 270 1.6 do Passat, o GT tinha algo mais especial: o motor 1.8 que seria adotado no Santana meses depois, porém modificado com o comando de válvulas 49G do Golf GTI alemão.
Por fora ele se diferenciava dos irmãos comportados pelos faróis auxiliares afixados no para-choques, rodas de magnésio diamantadas, adesivo GT 1.8 nas laterais, grade na cor do carro, grafismo GT no vidro traseiro e aplique plástico na coluna B. Por dentro o negócio ficava ainda melhor: Gol da Alemanha! Os bancos esportivos eram da Recaro, o painel trazia conta-giros e instrumentos auxiliares, o acabamento interno tinha um filete vermelho exclusivo da versão — com direito ao nome da versão no painel — e havia até um cronômetro digital integrado ao relógio.
Com essa receita o esportivo tinha à sua disposição 99 cv declarados (cerca de 105 cv reais) para embalar seus 930 kg. Segundo dados de fábrica, a aceleração de zero a 100 km/h era feita em 9,8 segundos e a velocidade máxima era 180 km/h. Na primeira série, o GT era equipado com câmbio de quatro marchas, mas logo em seguida ganhou o novo câmbio de cinco marchas, que se tornou o padrão na linha Volkswagen alguns anos mais tarde. O Gol GT foi produzido somente por três anos, mas foi tempo suficiente para mostrar ao Brasil que a ideia de um Gol esportivo era boa de verdade.
Gol GTS
Em 1987 o Gol ganhou uma nova reestilização que integrou os faróis à grade e eliminou o motor arrefecido a ar de uma vez por todas. Nesta nova linha o GT se tornou o GTS e manteve as mesmas características do antecessor: motor 1.8 com comando bravo (o mesmo 49g) e pegada esportiva.
O GTS também se diferenciava dos irmãos pelos faróis auxiliares: os de milha afixados no para-choque enquanto os de neblina eram integrados. Os borrachões laterais eram mais largos, e traziam um filete vermelho que se repetia nos para-choques, dando a impressão de continuidade. Na traseira, — gol da Alemanha! — as novas lanternas eram maiores e ele agora tinha um aerofólio na borda da tampa do porta-malas. As rodas de liga leve também eram novas, com um desenho que acompanhou o modelo até o começo dos anos 1990.
Por dentro a evolução foi mais tímida: no primeiro ano o GTS ainda compartilhava o painel com as versões de entrada do Gol — que naquele 1987 era idêntico ao do modelo pré-facelift, assim como os bancos Recaro. Depois, a partir de 1988, o Gol ganhou dois novos paineis — um mais simples e de material rígido, e outro mais completo, com material emborrachado e teclas de controle nas laterais do quadro de instrumentos. Os bancos também ganharam um novo revestimento.
Em 1989 o GTS foi reposicionado como coadjuvante da linha esportiva do Gol com o lançamento do GTi, esse sim uma revolução com seu motor injetado — e exatamente o próximo Gol desta lista.
Gol GTi
O GTi chegou em 1989 com um novo motor 2.0, o mesmo que havia estreado no Santana meses antes, e um recurso inédito no Brasil — e que foi fundamental para fazer do GTi o melhor esportivo nacional de sua época: a injeção eletrônica Bosch LE-Jetronic. Com o gerenciamento eletrônico da ignição e injeção de combustível ele produzia 112 cv e 17,5 mkgf, que levavam os 950 kg do modelo aos 100 km/h em 8,8 segundos e à máxima de 190 km/h.
Visualmente ele era bastante parecido com o GTS, porém tinha pintura em dois tons na exclusiva Azul Mônaco. As outras cores, como vermelho, branco e até um chamativo amarelo, saíram nos anos seguintes. O aerofólio do GTi também era exclusivo, mais arredondado que o do GTS, e as lanternas eram escurecidas — ou “fumê”, como se dizia na época.
Por dentro os bancos Recaro tinham encostos de cabeça vazados. Gol da Alemanha. O volante era o mesmo de quatro raios que estreou em 1988 no GTS, e os instrumentos tinham grafismos e iluminação vermelha, que davam um certo ar “diabólico” ao hot hatch. Foram feitos somente 2.000 unidades no primeiro ano.
Em 1991 o Gol ganhou um facelift sutil, que deixou os faróis mais estreitos e a dianteira mais arredondada. O GTS e o GTI também ganharam as famosas rodas “Orbit”, com desenho inspirado nas rodas do conceito de mesmo nome, e mais tarde, já no final de sua carreira, as rodas raiadas tipo BBS.
Gol GTI 16v
Lançado em 1995, o último Gol a usar a famosa sigla foi também o melhor. Quer dizer, desde que acompanhado do sobrenome “16v” — com um cabeçote especial, dotado de comando duplo e quatro válvulas por cilindro, o motor de dois litros se transformava, e passava a desenvolver 141 cv.
O carro era fabricado no Brasil, mas o motor vinha importado, quase pronto, da Alemanha. Ele tinha arquitetura bem semelhante à do conhecido AP2000, mas trazia algumas diferenças importantes.
A primeira delas era o bloco mais alto, que permitia maior comprimento das bielas — de 144 mm para 159 mm. Com 15 mm a mais, as bielas mais longas contribuíam para uma relação r/l (resultado da divisão de meio curso dos pistões pelo comprimento das bielas) mais baixa — de 0,32 para 0,29, resultando em motor de funcionamento mais suave em altas rotações e maior rendimento. Além disso, o cabeçote de 16 válvulas alemão tinha fluxo cruzado — e (gol da Alemanha!) as duas modificações ajudavam a elevar a potência do motor a 141 cv a 6.250 rpm, com torque de 17,8 mkgf a 4.500 rpm. Em um carro de menos de 1.200 kg resultado era uma relação peso/potência digna de hot hatches europeus: 7,9 kg/cv. A transmissão era manual de cinco marchas, a mesma do Audi A4 contemporâneo.
O motor também era responsável pela maior diferença estética do GTI 16v em relação ao modelo de 8 válvulas (que foi vendido ao mesmo tempo e era mais manso, com 109 cv): a bolha no lado direito do capô, necessária pois o motor alemão era mais alto. Completavam o visual os faróis auxiliares no para-choque, saias laterais maiores, uma discreta asa na tampa do porta-malas e as rodas de 15” com desenho exclusivo. O interior trazia bancos Recaro de ótimo apoio, volante de diâmetro menor e, como opcional, couro bicolor preto e vermelho.
Em 2000, com a primeira reestilização geral (conhecida como Gol GIII), o GTI 16v passou a entregar 145 cv e ficou ainda mais discreto, pois a VW começou a oferecer pacotes opcionais que poderiam deixar qualquer versão do Gol com o visual do GTI. Foi o último ano da versão que, de preço elevado, perdeu espaço dentro de casa para o Golf GTI com motor 1.8 Turbo. Desde então, já faz 15 anos desde que os fãs da Volks anseiam pela volta de um Gol verdadeiramente esportivo.
Gol GLR
No meio do fogo cruzado entre os que enxergam no Gol um carro com grande potencial e os que acham que é “carro de manolo” está o Gol GLR, do entusiasta Tiago Kfouri. Voltado para track days, é um dos projetos mais legais que ja vimos quando o assunto é equilibrar visual e desempenho. O fato de, por fora, o GLR parecer “apenas” um Gol quadrado bem conservado com umas rodas bacanas ajuda bastante.
Por dentro, volante de competição, a “chave geral” no painel, os instrumentos aftermarket e os bancos e cintos de competição denunciam o veneno. O motor de 1,8 litro recebeu preparação old school: carburador 2E, comando de graduação mais agressiva, bielas forjadas, radiador de óleo e sistema de arrefecimento redimensionado, além de um turbo KKK K16. O resultado: 256 cv e 38,2 mkgf à disposição do pé direito.
Para domar o fôlego extra, o carro também recebeu suspensão Fênix com amortecedores de maior carga e geometria retrabalhada. As rodas são Scorro de 15×6”, calçadas com pneus Yokohama Advan Neova 195/50. Os freios trazem discos slotados de 288 mm na dianteira e pinças do Gol GTI.
O resultado é um carro veloz, bonito e eficaz no que foi feito para fazer: arrepiar em track days. Duvida? Então se liga no vídeo abaixo, gravado em 2012 no autódromo da Fazenda Capuava:
Seu Gol favorito ficou de fora? Então aproveite para deixar sua sugestão nos comentários (*Com informações do FlatOut)