Antes da reabertura do mercado brasileiro, em 1990, os fãs de esportivos tinham que contar com as criações locais — a não ser que você tivesse, digamos, “bons contatos”, podia esquecer do sonho de guiar um BMW, Mercedes-Benz ou qualquer outro carro legal vendido lá fora. Dito isso, nossos esportivos também eram carros bem interessantes que se tornaram sonhos de consumo da galera. E isto inclui os dias atuais, talvez tanto quanto na época.
Um dos mais emblemáticos representantes dos esportivos brazucas daquele tempo é o Ford Escort XR3. Lançada em dezembro de 1983, quatro meses depois da estreia do Escort no Brasil, a versão esportiva usava uma variação mais potente do motor CHT de 1,6 litro, com 83 cv (o 1.6 comum tinha 73 cv). Não era muita coisa, mas o XR3 compensava com estilo: rodas exclusivas, asa traseira de borracha, profusão de faróis auxiliares e decalques na carroceria, enquanto o interior tinha bancos de melhor apoio, volante pequeno, painel com conta-giros e revestimentos especiais.
Foi o bastante para que o Escort XR3 fosse um rival mais do que digno para o Gol GT e seu motor 1.8 de 99 cv (declarados, visto que na prática eram cerca de 105 cv) — ainda que o VW andasse mais, havia muita gente que não abria mão do estilo do Ford, indiscutivelmente mais moderno.
A rivalidade foi atenuada com uma parceria curiosa: em 1987, VW e Ford brasileiras uniram forças para compartilhar tecnologia, componentes, projetos e até mesmo fábricas. Naquele mesmo ano, o Escort passava por uma grande reestilização — o visual ficava mais arredondado e contemporâneo, além de passar a vir equipado com motores VW em algumas versões.
Isto incluía o Escort XR3 que, para muita gente, entrou em sua melhor época. Com o motor AP 1.8S da VW, que tinha comando de válvulas mais agressivo e carburador 2E, o esportivo passou a desenvolver 97 cv. Para se ter uma ideia, o AP 1.8 comum, com comando mais manso, tinha 86 cv. Com isto, o Escort XR3 ganhou em desempenho e apelo junto ao público.
E o Achado meio Perdido de hoje faz parte desta leva: trata-se de um exemplar fabricado em 1991, com 96 mil km rodados, em ótimo estado de conservador e por um preço bem razoável. O carro está em Farroupilha/RS, cidade de onde nunca saiu, e só teve dois donos desde que foi fabricado. Nota-se o cuidado que ambos os proprietários tiveram com este exemplar — o aspecto do XR3 é muito bom, por dentro e por fora.
Não conseguimos encontrar imperfeições na carroceria, que vem na rara tonalidade Preto Ébano e recebeu um banho de tinta recentemente. Estruturalmente o carro está bastante inteiro, e todos os emblemas, frisos e detalhes de acabamento estão em seu devido lugar — incluindo as rodas originais.
Os bancos de maior apoio, porém sem a marca Recaro, são conhecidos como “semi-Recaro”
Por dentro, a situação se repete: com exceção do emblema “Ford” no volante, não há itens de acabamento ausentes, todos os tecidos e revestimentos estão em ótimo estado (até mesmo nas portas, onde o desgaste costuma ser maior no Escort, e no porta-malas) e tudo está funcionando perfeitamente. O hodômetro marca 96 mil km que, de acordo com o anunciante, são originais.
O carro acompanha todos os manuais e histórico de manutenção, além de uma capa de concessionária de época para ajudar a proteger o XR3 com estilo.
Considerando a idade do carro, arriscamos dizer que a quilometragem é um bom sinal — o carro não é nem muito rodado, nem ficou muito tempo parado (como sabemos, passar décadas trancado em uma garagem sem cuidados especiais é algo prejudicial a qualquer automóvel). E o preço não assusta tanto, considerando que estamos vivendo um momento de bastante especulação no mercado de clássicos: R$ 16,9 mil.
Se você se interessou, pode entrar em contato com Mário César Buzian, o responsável pela venda, pelo e-mail [email protected], ou ligar para (51) 9258-7332.