Mudou para pior: veja 5 carros que regrediram com o tempo

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Os produtos industrializados, entre os quais os automóveis, tendem a ficar cada vez melhores: o avanço da tecnologia permite projetos cada vez mais eficientes, seguros e cômodos. Todavia, nem sempre o caminho natural é seguido pela indústria: alguns modelos, por incrível que pareça, “evoluíram ao contrário”, tornando-se inferiores a seus antecessores. O site AutoPapo listou cinco carros vendidos no mercado brasileiro que, em algum momento, mudaram para pior. Confira:

1. Volkswagen Gol

Foto Volkswagen | Divulgação

O Gol popularmente conhecido como G4 era, na verdade, uma reestilização da segunda geração do modelo, lançada em 1995. Essa mudança trouxe uma série de simplificações em relação ao antecessor G3, principalmente no interior, onde o acabamento sofreu várias simplificações, com a adoção de plásticos de pior qualidade e menor quantidade de material fonoabsorvente. Até os faróis de refletores duplos, presentes nas versões mais caras, foram substituídos por unidades monoparabólicas em toda a linha.

O processo de simplificação apoiava-se no reposicionamento do Gol no mercado: ele se tornaria o carro de entrada da Volkswagen no Brasil, ocupando um nível inferior ao do então recém-lançado Fox. O acabamento só retornou a um patamar aceitável com o lançamento do modelo G5, este de fato pertencente a uma nova geração, reprojetada do zero. O G4, porém, permaneceu em produção sem nenhuma melhoria até 2013, quando finalmente saiu de linha.

2. Chevrolet Vectra

Foto Chevrolet | Divulgação

Muita gente não sabe, mas apenas as duas primeiras gerações do Vectra, lançadas no Brasil em 1994 e 1996, respectivamente, eram autênticas. Afinal, ambas eram idênticas às suas similares europeias da época. Já a terceira, de 2006, era na verdade um Astra sedã alemão, então reprojetado, com outra identidade. Como esse modelo pertencia a um segmento inferior, era menos sofisticado tecnicamente. Isso explica porque o veículo trocou seu refinado sistema de suspensão independente multilink na traseira por um do tipo semi-independente, por barra de torção. Pelo mesmo motivo, o acabamento interno também ficou mais simples.

A ideia de rebatizar o sedã surgiu porque, na época, o Astra de geração anterior ainda fazia sucesso no Brasil, mas seu irmão maior carecia de substituição. Em vez de novamente alinhar o Vectra ao similar feito na Europa, a Chevrolet passou então a vender duas safras do modelo inferior simultaneamente, mas posicionando a mais recente em um nível superior. A empresa, assim, conseguiu poupar custos de fabricação; já o consumidor, consequentemente, colocou um produto pior na garagem.

3. Chevrolet Montana

Foto Chevrolet | Divulgação

Quando foi lançada, em 2003, a Montana era baseada na segunda geração do Corsa, que utiliza a plataforma Gamma I. Já a atual safra da picape é baseada no Agile, cuja plataforma 4.200 foi herdada do Celta e do… primeiro Corsa! Sim, é isso mesmo: a picape compacta da Chevrolet trocou uma base estrutural mais moderna por outra mais antiga quando foi reprojetada.

A plataforma é, de certo modo, a alma do veículo, uma vez que serve de base para o desenvolvimento do projeto e para o processo de fabricação. É por isso que a Montana atual tem um sistema de suspensão dianteiro fixado direto na carroceria, enquanto na antecessora o conjunto era montado em um subchassi, o que permite ganhos em dirigibilidade e em conforto ao rodar. Pelo mesmo motivo, a posição de dirigir ficou pior: correta na primeira geração, tornou-se ergonomicamente ruim na segunda, devido ao volante deslocado para a direita, herança do Agile, do Celta e do primeiro Corsa.

4. Renault Clio

Foto Renault | Divulgação

Quando foi nacionalizado, em 1999, o Clio impressionou tanto pelo projeto atual, alinhado com o mercado europeu, quanto pela oferta de airbags, itens então raríssimos em carros populares. Em 2012, quando o hatch compacto já estava bastante ultrapassado diante da concorrência, mesmo tendo passado por algumas reestilizações, a Renault aplicou mais uma plástica à carroceria, acompanhada de uma série de simplificações. Enquanto isso, o similar feito na França estava duas gerações à frente.

A estratégia adotada pela Renault foi similar à da Volkswagen com o Gol G4: reposicionar o Clio para baixo após a chegada do Sandero. Os cortes incluíram materiais de acabamento mais simples, um vidro traseiro menos curvo (e mais barato de fabricar) e faróis monoparabólicos. Mas foram além e atingiram até a suspensão, que perdeu as barras estabilizadoras, e os cintos traseiros de três pontos, que deixaram de ser retráteis. Um fim de vida melancólico para um popular que, em seus primórdios, era até sofisticado.

5. Fiat Uno

Foto Fiat | Divulgação

O Uno sempre teve versões despojadas, com preços acessíveis: trata-se de um carro de massas por excelência e precursor do segmento dito popular no Brasil. Mas a Fiat foi tornando-o cada vez mais simples: em meados dos anos 90, a primeira geração passou a compartilhar a coluna de direção com o Palio, o que tornou a posição de dirigir pior. Muitas das soluções inovadoras da época do lançamento, como os comandos satélites nas laterais do painel de instrumentos, foram abolidas em prol de comandos tradicionais e intercambiáveis entre outros modelos da marca, no intuito de economizar custos de produção.

O primeiro Uno foi descontinuado em 2013, quando apenas a segunda geração permaneceu no mercado. E não é que, agora, ela também passou por um processo de simplificação? É que, em 2016, o hatch compacto recebeu um upgrade mecânico, com a introdução dos motores da nova família FireFly em toda a gama, junto com tecnologias como sistema start-stop e direção elétrica. Porém, neste ano, a Fiat voltou a oferecer o ultrapassado propulsor Fire, acompanhado de direção hidráulica e sem o start-stop. É o mais jovem seguindo os passos do antepassado…

Fonte: AutoPapo

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