A forte crise pela qual o setor automotivo brasileiro passou nos últimos dois anos e meio afetou especialmente a oferta de crédito para quem financia veículos zero-quilômetro “de entrada”. Segundo a Fenabrave (associação de concessionários do setor), sete de cada dez pedidos são atualmente negados por bancos e financeiras.
Isso levou a um fenômeno interessante: as fabricantes deixaram de se preocupar com volume e passaram a focar em rentabilidade, de modo a maximizar os lucros sobre uma única unidade vendida. Ou seja: virou mais negócio comercializar um só carro, na faixa de R$ 60 mil a R$ 80 mil, do que dois a R$ 30 mil ou R$ 40 mil.
É o que explica a recente ascensão de compactos antes tidos como “populares” e agora posicionados como “premium”. Versões de topo de Chevrolet Onix, Hyundai HB20, Fiat Uno e Argo, Volkswagen up! e Fox, Ford Fiesta e outros modelos do segmento ganharam equipamentos e viram suas etiquetas saltarem para patamares acima de R$ 60 mil, por vezes chegando a R$ 70 mil ou até R$ 80 mil.
É aí que entra o Renault Kwid: o subcompacto chegou ao mercado com os “dois pés na porta”, adotando faixa agressiva de preços (entre R$ 30 mil e R$ 40 mil) para mostrar que o brasileiro não deixou de se importar com a relação custo-benefício.
Com isso, a discussão sobre “carro barato” voltou a crescer. Confira abaixo quais são os 8 modelos zero-quilômetro atualmente mais em conta à venda, e o que cada um traz em relação a tecnologia.
Chery QQ: R$ 25.990
O “sorridente” carro mais barato do Brasil traz como itens de série na versão Smile (o trocadilho não foi uma mera coincidência): rádio com USB; vidros dianteiros elétricos; e abertura interna do porta-malas. Motor é o 1.0 3-Cilindros Acteco de 75 cv (etanol), gerenciado por câmbio manual de cinco marchas. São 1.370 emplacamentos de janeiro a julho de 2017, segundo a Fenabrave.
Renault Kwid: R$ 29.990
O “SUV dos compactos” — que de SUV e de compacto (é um subcompacto) só tem o slogan — parte de pouco menos de R$ 30 mil na versão Life já com: quatro airbags; abertura interna do porta-malas; ganchos Isofix para cadeirinhas infantis; e desembaçador do vidro traseiro. Motor é o mesmo 1.0 3-cilindros SCe do Sandero, porém recalibrado para 70 cv (etanol). Transmissão manual de cinco marchas vem do Chile exclusivamente para ele. São 356 emplacamentos mesmo antes da chegada às lojas, segundo a Fenabrave.
Fiat Mobi: R$ 34.210
Criado para custar abaixo de R$ 30 mil, o Fiat Mobi não conseguiu cumprir com a meta e hoje começa em R$ 34.210 na versão Easy. É o representante mais “pelado” da lista, pois de série não traz nada além de faróis com máscara escurecida e chave com o popular Fiat Code, um sensor que autoriza a transmissão via sinal emitido à central eletrônica. Motor é o manjado 1.0 4-cilindros Fire de 75 cv (etanol), acoplado a uma caixa manual de cinco velocidades. São 29.933 emplacamentos de janeiro a julho de 2017, segundo a Fenabrave.
Volkswagen take up!: R$ 37.990
Reposicionado após o facelift realizado no início deste ano, o Volkswagen up! agora só é encontrado em configuração 4-portas e por não menos de R$ 37.990, caso da versão com motor 1.0 3-cilindros MPI de 82 cv (etanol) e câmbio MQ200 (manual de cinco marchas). Só que a lista de equipamentos que não é muito extensa: alerta de não utilização do cinto do motorista, chave canivete, desembaçador do vidro traseiro, banco do motorista com ajuste de altura, faróis com máscara escurecida, ganchos Isofix e porta-malas com iluminação e abertura elétrica são os principais elementos. São 20.919 emplacamentos de janeiro a julho de 2017, segundo a Fenabrave.
Chery Celer FL: R$ 38.990
Uma das melhores relações custo-benefício do mercado, pois cobra menos de R$ 40 mil para traz o propulsor 1.5 4-cilindros Acteco de 113 cv (etanol) trabalhando com câmbio manual de cinco marchas. A versão traz de fábrica ar-condicionado, direção hidráulica, rádio com MP3 e USB e vidros dianteiros elétricos. Mas tem meros 144 emplacamentos de janeiro a julho de 2017 (dados da configuração sedã, única listada pela Fenabrave).
Nissan March Conforto: R$ 39.990
Produzido em Resende (RJ), o pequeno hatch japonês começa em R$ 39.990 na versão inicial, munida de propulsor 1.0 3-cilindros HR12 de 77 cv (etanol) e câmbio manual de cinco marchas. Pacote é interessante, e tem como itens de destaque: direção elétrica progressiva; ar-condicionado; acelerador eletrônico; alerta sonoro de chave no contato e faróis acesos; e cintos dianteiros com pré-tensionador. São 8.875 emplacamentos de janeiro a julho de 2017, segundo a Fenabrave.
Kia Picanto J.323: R$ 40.990
Com as vendas retraídas devido às cotas do Inovar-Auto, o primeiro 3-cilindros à venda no Brasil continua tendo seus atrativos. Desde a versão de entrada, o Kia Picanto conta com chave canivete, ar-condicionado, travas elétricas, rádio com CD, entrada auxiliar, USB e Bluetooth, volante com regulagem de altura e controle de som, luz diurna de rodagem e ganchos Isofix. Propulsor é o mesmo 1.0 3-cilindros de 80 cv (etanol) do Hyundai HB20, gerenciado por câmbio manual de cinco marchas. São apenas 609 emplacamentos de janeiro a julho de 2017, segundo a Fenabrave.
A Chevrolet parece ter acertado ao transformar um mesmo modelo em dois. No caso, vende o Onix novo e o velho (sob a nomenclatura Joy) ao mesmo tempo, ofertando o antigo como opção de entrada da marca. Com isso, lidera o mercado de automóveis com sobras. Espantoso é saber que o Onix Joy não está abaixo de R$ 40 mil, mas não dá para se queixar dos itens de série: alarme; direção elétrica progressiva; ar-condicionado; vidros dianteiros elétricos; travas elétricas; desembaçador do vidro traseiro; cintos dianteiros com ajuste de altura e alerta; e monitoramento de pressão dos pneus estão entre eles. Motor 1.0 4-cilindros SPE-4 de 80 cv (etanol) equipa a gama do compacto desde seu nascimento, mas o câmbio agora é manual de seis marchas. São 98.469 emplacamentos de toda a linha Onix de janeiro a julho de 2017, segundo a Fenabrave.
*Com informações do UolCarros