A especialização da empresa britânica Unique Vehicle & Accessory (UVA) durante a década de 1980 residia na habilidade de transformar os clássicos Fuscas em elegantes station wagons.
A Unique Vehicle alcançou um feito notável ao desenvolver um sofisticado conjunto de modificações, composto por um painel personalizado, janelas redesenhadas e lanternas exclusivas, para realizar a conversão do icônico Fusca em um SUV respeitável, uma criação que nunca chegou a ser comercializada no Brasil.
Esse veículo estava disponível em três variantes: o Shogan (Standard), o UVA Shogan Baja, que será abordado neste post, e também o Shogan GTE (Sports Estate).
O UVA Shogan completamente baseado no Beetle. O kit era mais fácil de montar do que a maioria, pois a mecânica original do veículo não era alterada. As asas traseiras e a carroceria do Beetle doador eram cortadas logo atrás dos bancos dianteiros, e a nova parte traseira era fixada. O tempo estimado de montagem era de cerca de 5 dias, excluindo a pintura.
As peças necessárias para a conversão eram poucas: nova seção traseira da carroceria, novo painel de teto, novas asas traseiras, para-choque, duas lanternas traseiras com fiação, painéis de assoalho, duas janelas laterais e uma janela traseira.
O UVA Shogan foi lançado por volta do final de 1985 após cerca de 3 anos de desenvolvimento.
O chefe da UVA, Alan Arnold, admitiu que o design foi fortemente influenciado por um kit americano disponível na época chamado Van-detta. A UVA importou um desses kits com o objetivo de dar a ele um sabor mais europeu e então tirar moldes dele. No entanto, isso não aconteceu, pois a UVA teria ficado supostamente chocada com a qualidade do kit e só manteve o painel de teto.
As informações a seguir foram gentilmente enviadas para mim em maio de 2001 por um ex-funcionário da UVA:
“Em 1983, trabalhei para a UVA e fiz a maior parte do molde a partir do qual os moldes do Shogan foram feitos. Um kit Van-detta foi importado dos EUA e montado em um Beetle antigo.
Para reduzir os custos de transporte, o kit dos EUA consistia em muitas peças separadas, todas projetadas para caber em uma grande caixa de papelão. A qualidade não era tão ruim, mas os painéis eram feitos usando uma mistura de fibra de resina pulverizada em vez do método de laminação manual. Todas as peças dos EUA foram usadas, exceto os (dois) painéis de teto, que foram modificados de alguma forma. Foi decidido que, para o mercado do Reino Unido, uma carroceria monobloco seria mais apropriada.
Eu só vi dois Shogans, um sendo o demonstrador da empresa e o outro pertencente a uma oficina da VW na Ilha de Skye.”
O Fusca, também conhecido como Volkswagen Beetle, tem uma história rica no Brasil. Sua introdução ocorreu em 1950, quando a Volkswagen abriu sua primeira fábrica no país, em São Bernardo do Campo, São Paulo. O carro logo se tornou um ícone nacional devido à sua simplicidade, durabilidade e preço acessível. Durante décadas, o Fusca foi o veículo mais popular no Brasil, ganhando apelidos carinhosos como “Fusquinha” e “Besouro”.
O Fusca desempenhou um papel importante na mobilidade do país, sendo utilizado por famílias de todas as classes sociais e até mesmo como táxi. Em 1986, a produção do Fusca foi encerrada no Brasil, mas sua história continua viva graças aos entusiastas e colecionadores que preservam esses carros icônicos. O Fusca deixou uma marca indelével na cultura automobilística brasileira, sendo lembrado com carinho e nostalgia até os dias de hoje.