Vorax V10: O supercarro brasileiro que poderia ter conquistado o mundo

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Você sabia que o Brasil já teve um supercarro projetado para concorrer com marcas como a Lamborghini e a Ferrari? Ele se chama Rossin-Bertin Vorax.

A história do único supercarro brasileiro que quase foi lançado é marcada por ambição e fragilidade. O objetivo era criar um carro que fosse ao mesmo tempo inspirado em vários outros, mas também único.

Rossin-Bertin Vorax foi apresentado com pompa e circunstância no Salão do Automóvel de São Paulo em 2010 / Imagem: Eugênio Augusto Brito / UOL
Rossin-Bertin Vorax foi apresentado com pompa e circunstância no Salão do Automóvel de São Paulo em 2010 / Imagem: Eugênio Augusto Brito / UOL

No entanto, quanto mais os empreendedores investiam dinheiro no projeto, mais se tornavam dependentes de fatores externos.

O Rossin-Bertin Vorax, foi apresentado com grande pompa no Salão do Automóvel de 2010 em São Paulo, nunca foi comercializado e teve apenas alguns exemplares fabricados. O projeto recebeu os sobrenomes dos seus criadores: Fharys Rossin, ex-designer da GM nos Estados Unidos, que foi responsável pelo design, e Natalino Bertin Jr., que bancou todo o processo.

Rossin-Bertin Vorax / Foto reprodução Blog Auto
Rossin-Bertin Vorax / Foto reprodução Blog Auto

O projeto conquistou um grande admirador, Christian Von Koenigsegg, fundador da montadora Koenigsegg, detentora dos carros com os motores mais potentes do mundo. Christian compareceu ao Salão do Automóvel para prestigiar o evento, já que era a primeira vez que a sua marca exibia seus carros na América Latina. Ele demonstrou grande interesse no Vorax e até ofereceu fornecer os motores V8 biturbo de 1000cv para o carro. No entanto, a potência seria reduzida para 800cv para evitar conflitos com o mercado dos próprios carros da marca.

Rossin-Bertin Vorax / Crédito: André Deliberato/WM1
Rossin-Bertin Vorax / Crédito: André Deliberato/WM1

O Vorax foi construído com base em um chassi de alumínio produzido pela Alcoa, o mesmo utilizado pela Ferrari em seu modelo F430. Sua carroceria era totalmente feita de fibra de carbono, um material utilizado em carros de Fórmula 1.

Júnior Bertin, na época dono da importadora de automóveis Platinuss, provavelmente, maior importadora de carros que já esteve em terras tupiniquins.

Rossin-Bertin Vorax / Foto: Ricardo Matsukawa
Rossin-Bertin Vorax / Foto: Ricardo Matsukawa

Para compor os conceitos usados no Vorax, a Rossin-Bertin chegou a escanear e desmontar diversos carros, incluindo o Carrera GT da Porsche, o Murcielago da Lamborghini e a Scuderia da Ferrari. Todos esses carros foram utilizados como referência para o projeto do Vorax.

Para a execução do projeto, foi criada uma planta até então inédita no Brasil, localizada em São Caetano, equipada com impressoras 3D, scanners 3D e diversos outros equipamentos de ponta.

Rossin-Bertin Vorax / Foto reprodução: All The Cars
Rossin-Bertin Vorax / Foto reprodução: All The Cars

Foram construídos 3 protótipos de 2 modelos diferentes, um coupé e um conversível. Apenas um coupé chegou a ser funcional e em seu primeiro teste, o carro atingiu incríveis 280km/h, o que não foi uma surpresa considerando a mecânica utilizada, já que o BMW M6, que serviu de inspiração para o motor do Vorax, facilmente ultrapassa os 300km/h e o Vorax era um carro muito mais leve.

O conjunto mecânico escolhido para o Vorax foi o mesmo utilizado no BMW M5: um motor V10 de 5 litros, capaz de gerar 507 cavalos de potência. O monstruoso motor V10 foi um dos mais icônicos já produzidos pela montadora alemã. É um motor de 5 litros com 10 cilindros em “V”, que utiliza a tecnologia de comando de válvulas duplo VANOS e uma taxa de compressão de 12,0:1.

Rossin-Bertin Vorax / (Foto: Rafaela Martins, BD)
Rossin-Bertin Vorax / (Foto: Rafaela Martins, BD)

Esse motor produz uma potência máxima de 507 cavalos a 7.750 rpm e um torque máximo de 52,3 kgfm a 6.100 rpm, o que permite que o carro acelere de 0 a 100 km/h em apenas 4,7 segundos e alcance uma velocidade máxima limitada eletronicamente de 250 km/h, mas no Vorax ele rendia muito mais.

Após a exibição no Salão do Automóvel, o Rossin-Bertin Vorax recebeu grande destaque e tornou-se uma atração nacional e internacional. O projeto chamou a atenção de muitos potenciais clientes, pois oferecia um supercarro por um preço relativamente acessível de 750 mil reais. Com esse preço, o Vorax conseguia competir com carros de marcas renomadas como o Porsche 911 Turbo e o Ferrari F430, que custavam mais do que o dobro do preço. Além disso, a Rossin-Bertin usava a mecânica de um BMW M6 de 290 mil reais para a construção do Vorax, tornando-o uma proposta viável para muitos entusiastas de carros esportivos.

Quando tudo parecia caminhar para termos o primeiro superesportivo brasileiro, surgiram alguns obstáculos inesperados. Primeiro, a BMW decidiu descontinuar o motor V10 usado no Vorax para atender às regulamentações de emissões na Europa. Em seguida, o grupo Bertin enfrentou uma crise que resultou no fechamento da Plantinus. Para piorar, a crise econômica atingiu o país com força, frustrando definitivamente o lançamento de um carro que tinha grande potencial para fazer um sucesso estrondoso no mercado nacional.

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