Milhares de pessoas adquirem automóveis que, ao longo do tempo, e eles acabam virando carros antigos abandonados. Com o passar dos anos, esses veículos envelhecem a ponto de parar de funcionar, e muitas vezes são relegados a garagens ou celeiros, onde permanecem esquecidos.
Três ou quatro décadas mais tarde, alguém adquire essas garagens ou celeiros e faz uma descoberta surpreendente: um verdadeiro tesouro perdido. Embora esses carros frequentemente exijam extensos reparos ou até mesmo uma restauração completa, eles podem valer centenas de milhares ou até milhões de dólares.
Atualmente, muitos carros são concebidos principalmente como meios de transporte utilitários, perdendo o glamour de décadas passadas, quando a produção automobilística era uma verdadeira forma de arte, seja para o uso nas ruas ou em pistas de corrida.
É nesse contexto que, em algum momento, alguém adquire esses carros e, por diversos motivos, como a necessidade de uma peça de reposição ou o desejo de incorporá-los a uma coleção pessoal, eles são deixados em galpões, onde permanecem por muitos anos.
Após décadas de obscuridade, alguém finalmente descobre a existência desses veículos, que geralmente estão cobertos por uma espessa camada de poeira e enferrujados. É então que eles são resgatados do ‘mundo dos mortos’ e têm a oportunidade de brilhar novamente. Nos Estados Unidos, esses carros são chamados de ‘barn finds’, ou seja, ‘achados de celeiro’, e muitos deles têm histórias fascinantes por trás de sua redescoberta.
1 – Presente de Onassis
Aristóteles Onassis, conhecido por sua incrível riqueza, tomou uma decisão surpreendente ao adquirir uma Lamborghini Miura S 1969 como um presente para Stamatis Kokotas, um artista popularmente chamado de ‘o Elvis grego’. Essa extravagante demonstração de apreço não foi suficiente para empolgar Kokotas, que, após uma avaria no motor em 1972, deixou o deslumbrante carro italiano abandonado em um estacionamento de hotel em Atenas.
Apesar de ser um cantor famoso e um entusiasta da velocidade, Kokotas optou por não arcar com os custos de reparo da Lamborghini, condenando-a a um destino de deterioração gradual ao longo dos anos. Surpreendentemente, ele acumulou quase 100 mil quilômetros nas rodas deste ícone automobilístico antes de tomar essa decisão.
O ressurgimento deste clássico só ocorreu quando Atenas se preparava para receber os Jogos Olímpicos em 2004. Nessa época, o hotel onde o carro estava estacionado precisava passar por uma reconstrução. A Lamborghini Miura S foi levada a leilão, mas a oferta de 480 mil dólares não atingiu o valor de reserva estipulado para o veículo. Eventualmente, o carro foi vendido por um preço muito próximo da oferta inicial, mas não conseguiu superar as expectativas em relação ao seu valor histórico e estético.
2 – Vencedor das 24 horas de Le Mans e ícone americano, abandonado em um galpão
Na década de 1960, a Ford revolucionou o cenário automobilístico europeu ao usurpar a supremacia da Ferrari em diversas competições tradicionais da região, como as famosas 24 horas de Le Mans. Um dos carros que se destacou como um ícone incontestável desse feito histórico é o lendário Shelby Cobra Daytona Coupé, uma raridade composta por apenas seis unidades produzidas especificamente para arrasar nas pistas.
Após conquistar o domínio nas pistas europeias, esses seis veículos fizeram o retorno triunfal aos Estados Unidos, onde encontraram destinos variados, seja nas mãos de entusiastas que os incorporaram em suas coleções particulares ou como parte de vendas promovidas pelo próprio criador, Carroll Shelby. Com o passar dos anos, um desses Cobras misteriosamente desapareceu, diminuindo o registro conhecido para apenas cinco dessas magníficas máquinas, cada uma delas carregando uma história repleta de glória e inovação.
Foi no ano de 2001 que o mundo se deparou com uma revelação surpreendente e trágica. Após o trágico suicídio de Danna O’Hara, que envolveu o terrível ato de incendiar o próprio corpo, veio à tona a informação de que ela era a herdeira de uma relíquia automobilística notável: o sexto exemplar do lendário Cobra Daytona Coupé, carinhosamente apelidado de CSX2287. Este automóvel icônico havia sido adquirido pelo pai de Dana, George Brand, diretamente das mãos de Carroll Shelby na década de 70, por um modesto valor de mil dólares, e permanecia oculto dentro de um galpão trancado, um autêntico ‘barn find’.
A tragédia da vida de Dana trouxe à luz essa joia automobilística americana, que, nos dias de hoje, é avaliada em uma cifra impressionante, ultrapassando a marca de 4 milhões de dólares, destacando-se como um tesouro ressurgido do passado.
3 – BUGATTI TYPE 57S ATALANTE – 1937
Este Bugatti, uma das apenas 17 unidades produzidas, permaneceu esquecido e acumulando poeira por impressionantes 48 anos. Depois de desfrutar do prazer de dirigir seu veículo por alguns anos, o médico Harold Carr (é interessante notar o sobrenome do doutor…) estacionou seu Bugatti em uma garagem nos anos 1960, onde o carro permaneceu intocado, afastado da luz do dia. Em 2007, com o falecimento de Harold, seus herdeiros tomaram a decisão de abrir a garagem. Para a surpresa de todos, encontraram esta raridade automobilística, agora avaliada em incríveis US$ 4,4 milhões.
4 – CHEVELLE SS VERT
Em 1969, Roger Day percorreu impressionantes 168.000 quilômetros com seu Chevelle antes que um problema no motor surgisse. Devido aos custos elevados do conserto na época, Roger optou por vender o carro, uma decisão que ele lamentaria durante décadas. Lembrava-se com nostalgia das inúmeras vitórias nas corridas de final de semana proporcionadas por seu SS Vert, e, sobretudo, do início de seu romance com Karen, sua esposa até hoje, dentro do próprio Chevelle.
Finalmente, em 2008, Roger decidiu iniciar uma busca incansável por seu antigo veículo. Após meses de pesquisa, conseguiu localizá-lo, adquiriu-o e empreendeu um meticuloso processo de restauração para devolvê-lo às suas condições originais. O resultado foi tão excepcional que o Chevelle passou a conquistar prêmios consistentemente em todas as exposições automobilísticas em que participa, celebrando uma história que perdura até os dias de hoje.
5 – Porsche 901 (1964)
Quando a Porsche introduziu o icônico 911, ele originalmente se chamava 901. No entanto, a Peugeot rapidamente ameaçou ação judicial devido à sua marca registrada com um “0” central. Essa primeira série de veículos tornou-se tão rara que nem mesmo a Porsche possuía um exemplar em seu museu.
Foi somente em 2014 que a Porsche recebeu uma ligação surpreendente, informando que dois Porsche 911 antigos haviam sido descobertos em um celeiro abandonado na região de Brandenburgo. Quando se descobriu que um desses carros era o chassi número 57 da série 901, a marca não hesitou em fazer uma oferta ao proprietário: 107 mil euros. O processo de restauração do veículo demandou tempo, mas agora os entusiastas podem apreciá-lo em toda sua glória no museu da marca.
6 – Jaguar XK140 Michelotti (1955)
Embora haja alegações de que este carro tenha pertencido a Brigitte Bardot, não existem provas conclusivas que confirmem essa conexão. O que se sabe com certeza é que o veículo sofreu avarias após apenas dois anos de uso e reapareceu algum tempo depois na Bélgica com uma carroçaria especial e um motor completamente novo.
A notável transformação do carro aconteceu graças ao talento de Giovanni Michelotti, que projetou a nova carroçaria, tornando-o o Jaguar com uma influência italiana mais marcante de todos os tempos. Surpreendentemente, o motor foi identificado como o mesmo utilizado no C-Type número 16, um detalhe que deixou muitos entusiastas da Jaguar boquiabertos.
Após essas mudanças, o carro foi guardado em uma garagem, aguardando uma restauração que nunca aconteceu devido ao falecimento de seu proprietário.
7 – Ford Mustang Bullitt (1968)
No México, um apaixonado por Mustangs clássicos fez uma descoberta incrível quando se deparou com um carro abandonado. Decidido a transformá-lo em uma réplica de Eleanor, o icônico Mustang pilotado por Nicolas Cage no filme ’60 Segundos’, ele levou o veículo a um mecânico. No entanto, a surpresa veio quando o mecânico examinou o número de chassi e observou os orifícios na mala, que pareciam ser destinados a um suporte de câmera. Foi então que uma conexão muito mais significativa com a história do cinema veio à tona: o carro era nada menos que um dos cinco Mustangs utilizados no filme ‘Bullitt‘.
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