Moradora de Pindamonhagaba, a 150km de São Paulo, a artesã tinha o sonho de comprar um Fusca. Juntou dinheiro e adquiriu um modelo 1979, branco, mas o carro tinha muitos problemas.
Em 2015, ela decidiu tentar a reforma do xodó da família no Programa do Gugu. A produção gostou da história e foi até a casa de Nancy para ver o fusquinha de perto.
Ela conta que foi acertado com os funcionários de Gugu como seria feito o serviço de recuperação do carro, que estava com defeitos na lataria, assoalho, parte elétrica, portas, borrachas e motor. O pedido foi para que ficasse igual a uma miniatura dada pelo filho da artesã. “Vieram aqui em casa e nós fizemos um acordo por escrito de como eu queria o carro”.
No trato, segundo conta, ficaram combinados os consertos em itens como pneus, a cor da lataria e outros. Até então, tudo caminhava bem. “Os funcionários dele vieram na minha casa, são gente boa demais”.
A produção do Programa do Gugu, então, levou o carro para realizar os reparos. Como de praxe, foi preciso passar por algumas brincadeiras da atração televisiva para ter direito ao veículo de volta, todo reformado. “Não foi de graça, não foi nada de doação. Foi uma troca, até porque o carro era meu”.
Nancy estava eufórica para rever o seu sonho de criança e poder trabalhar com ele sem precisar se preocupar com problemas mecânicos e da parte estrutural do Fusca.
Só que a expectativa foi frustrada. No dia em que recebeu o veículo de volta, sobraram sustos. A começar por uma cena que viralizou: antes de ver seu carro consertado, foi exibido a ela um outro Fusca da cor rosa, que a deixou indignada – a reação dela virou meme e popularizou a falsa impressão de que este foi o automóvel dado a ela.
Mas o descontentamento mesmo veio quando o carro verdadeiro foi revelado. “Eu queria o vermelho, mas não com purpurina. E colocaram purpurina no carro. A roda era com a faixa branca, mas colocaram roda de Porsche. Não veio a peça para tirar o pneu. Veio sem buzina, sem alarme, trocaram o banco novo por um usado”.
Ainda segundo a artesã, a pintura foi mal feita, com a tinta vermelha direto por cima da antiga cor. O motor não teve o defeito corrigido e o teto voltou manchado de cola, apesar de ser uma das poucos partes do Fusca onde, de acordo com Nancy, não havia necessidade de mexer em nada.
E até hoje não saiu da memória o instante em que ela viu o carro e, de cara, estranhou. “Tanto que na hora que chegou o carro, eu falei ao meu marido que tinha alguma coisa errado. Esse não é o carro que eu pedi, falei a ele”. Segundo Nancy, a produção do programa não deixou a queixa dela ir ao ar.
Nas semanas seguintes, várias pessoas a criticaram por ter exposto o problema na internet.
Quatro anos depois, o assunto segue sem uma decisão judicial e virou um trauma.”Só de tocar nesse assunto já fico abalada. Não assisto nenhum vídeo que fala disso porque me chocou muito. Era um sonho meu de criança e está na Justiça. As redes sociais não querem ver a verdade do problema e já começam a meter o pau”.
Agora, ela espera uma decisão para o caso, sem especificar qual. “Eu quero que o juiz resolva o problema, seja como for. Mas não quero mais que eles peguem o carro para arrumar”, comentou a artesã, que contou não poder usar o carro justamente pela espera da decisão judicial.
Apesar do impasse, Nancy Lima fez questão de tecer muitos elogios a Gugu e não esconde a tristeza pela morte do apresentador. “Sobre o Gugu, sinceramente, eu senti a morte dele. Ele era uma boa pessoa, tanto na televisão como fora da TV. E não é porque ele se foi que eu estou dizendo”.
Ao falar, porém, de parte da equipe de trabalho do programa do apresentador na Record, o tom muda, e sobram críticas. “No fim das contas, quem é responsável por muita coisa são as pessoas que trabalhavam para ele. Ele era uma boa pessoa, me tratou muito bem mesmo fora das câmeras. Eu estou na Justiça é contra a TV”.
Procurada, a assessoria de imprensa da Record TV não retornou até a publicação da reportagem.
Fonte: UOL Carros.