O carro 100% nacional que teve apenas cinco unidades fabricadas

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A Indústria Brasileira de Automóveis Presidente (IBAP) foi uma empresa automobilística brasileira com uma história interessante e um destino trágico. Fundada em 1963 por Nelson Fernandes em São Bernardo do Campo, estado de São Paulo, a empresa tinha ambições ousadas. Inicialmente, contava com 120 funcionários, que desfrutavam de benefícios como a posse de ações da IBAP, participação na diretoria, descontos na compra de carros e preferência para se tornarem revendedores. O sonho de Nelson Fernandes era criar automóveis modernos e inteiramente nacionais.

Democrata / Foto: Parachoque Cromado
Democrata / Foto: Parachoque Cromado

O único automóvel desenvolvido pela IBAP foi o luxuoso Democrata, disponível em versões de duas ou quatro portas, com uma carroceria feita de plástico reforçado com fibra de vidro. O motor, que era o único componente não nacional, vinha da empresa italiana Procosautom – Proggetazione Costruzione Auto Motori, com cabeçotes de fluxo cruzado feitos em alumínio e montados na parte traseira interior, com revestimento de madeira jacarandá. No entanto, o projeto enfrentou críticas severas por parte da revista “Quatro Rodas”. Além disso, há relatos de que um forte lobby das montadoras estabelecidas no Brasil, em conluio com o governo militar da época, acabou encerrando as atividades da IBAP e o sonho de Fernandes.

Democrata / Foto reprodução
Democrata / Foto reprodução
Democrata / Foto reprodução
Democrata / Foto reprodução
Democrata / Foto reprodução
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A peculiaridade da IBAP estava em seu modelo de negócio, onde os veículos podiam ser adquiridos por meio da compra de ações da empresa, um esquema que mais tarde seria utilizado pela Gurgel. Infelizmente, apenas cinco protótipos do Democrata foram produzidos, pois em 1965 a IBAP enfrentou acusações de fraude. Em 1968, a empresa fechou suas portas, antes mesmo de produzir o primeiro automóvel totalmente projetado no Brasil. O patrimônio da empresa foi confiscado pela justiça, que, somente duas décadas mais tarde, admitiu que a intervenção do Banco Central na empresa havia sido injusta. Ações suspeitas por parte do Ministério da Indústria e Comércio e de outras autoridades governamentais à época levaram ao abandono das instalações da fábrica por muitos anos.

Democrata / Foto reprodução
Democrata / Foto reprodução

Das cinco unidades originais do Democrata, apenas três sobreviveram e foram restauradas com peças que haviam sido apreendidas pela Justiça. Uma dessas unidades foi entregue a Nelson Fernandes, que posteriormente se envolveu no negócio de cemitérios verticais. Os outros dois exemplares permanecem nas mãos do mecânico e colecionador José Carlos Finardi, em São Bernardo do Campo. Nelson Fernandes, que nasceu em 24 de fevereiro de 1931, teve a oportunidade de contar sua versão dos acontecimentos no livro de Roberto Nasser intitulado “Democrata: o carro certo no tempo errado.” Um desses raros modelos pode ser visto no Museu do Automóvel localizado na cidade de Canela, no Rio Grande do Sul.

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